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paralela EIXO 2023

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LET COTRIM

Rio de janeiro, Brasil.

participa da exposição presencial e virtual

mini bio

Let Cotrim nasceu em Brasília em 1972, e ama tanto o mar que se dedica à pesquisa acadêmica em Oceanografia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde é professora associada, pesquisadora nível PQ2/CNPq e Cientista do Nosso Estado/Faperj.
Fotógrafa autodidata, cresceu cercada por inúmeras fotos de família, até que em 2017 decidiu aceitar o desassossego da criação para misturar arte com ciência e natureza. Desde então, desenvolve um trabalho fotográfico voltado principalmente para paisagens marinhas e questões ambientais em suas expedições científicas, além das formas, detalhes e construções urbanas no Rio de Janeiro e do minúsculo cotidiano através da fotografia macro. Em seu processo de criação também estuda espelhamentos e repetições de formas até a abstração total em fotocolagens.
Aprecia o trabalho de Ernst Haeckel e Karl Blossfeldt, acadêmicos-artistas, além do trabalho de Ansel Adams e Sebastião Salgado. Atualmente fotografa para chamar a atenção de todos para as questões ambientais e climáticas, combinando imagens e textos.
Recebeu Menção Honrosa do Júri Técnico na 8a e 10a edição da mostra “Olhares sobre o Patrimônio Fluminense”, em 2018 e 2020, respectivamente, e vem participando de exposições coletivas no Rio de Janeiro desde 2018 (e.g. Feira Oriente, Galeria Espaço Zagut, Galeria EIXO Arte).

sobre

Moderno

Na paisagem puramente urbana, os conjuntos residenciais se casam com a paisagem e têm ângulos inusitados. Linhas retas, paralelismos, formas geométricas, janelas que parecem escotilhas, cobogós tão brasileiros, as repetições que se desdobram em abstrações que eu gosto tanto... A pesquisa desta série foi iniciada no Parque Guinle, no Rio de Janeiro, que reúne elementos arquitetônicos de diferentes períodos do século XX, além de memórias de brincadeiras da minha infância.

A Praia da Boneca Sem Cabeça

Era uma vez um lugar que ficava na beira do mar, um litoral ora cinza, ora azul, ora verde, ora (des)construído pela mão do homem. Todos, praticamente sem exceção, viviam amontoados num mosaico de casinhas misturadas à paisagem tristemente tropical e assimétrica. Seus habitantes, com fama de simpáticos apesar de tudo, diziam que as praias eram lindas e feitas para todos os gostos, desde o mar mais calminho até altas ondas pra galera surfar. Uma dessas praias ficava no fundo do tal braço de mar, pedaço do novo mundo que entristeceu o estudioso francês. Em uma praia escondida, com uma água bem rasinha, quase morna, com manguezal, árvores e sombra na beirada, pedras pra avistar o horizonte, e onde os biguás e os pescadores dividiam as tainhas, as sardinhas, as latas y otras cositas que caíam na rede, tudo na maior harmonia. Ninguém sabe o motivo, talvez por essa praia ser tão linda, tranquila e secreta, começou a ser frequentada por outros seres extraordinários. Uns coloridos, outros desbotados, mas sempre aos pedaços: bolas, garrafas, caixas de ovo vinham nadando atraídas por aquele pedacinho de paraíso, ventiladores sem pá, medusas plásticas, bonecas sem cabeça que tomavam sol ali sem o menor pudor, ursinhos de pelúcia que tentavam o suicídio e quase morriam na praia, e até unicórnios marinhos, daqueles de dar nó na cabeça dos zoólogos. Dizem até que, brincando com o unicórnio um dia desses, a Gata Borralheira rasgou um pedaço do seu vestido, que ficou abandonado nas raízes do manguezal, e ainda por cima largou um outro sapatinho por ali. Afinal de contas, mais um, menos um, ninguém notaria mesmo.

Procelária

“É vista quando há vento e grande vaga/Ela faz o ninho no rolar da fúria/E voa firme e certa como bala/As suas asas empresta à tempestade/Quando os leões do mar rugem nas grutas/Sobre os abismos passa e vai em frente/Ela não busca a rocha o cabo o cais/Mas faz da insegurança sua força/E do risco de morrer seu alimento/Por isso me parece imagem justa/Para quem vive e canta no mau tempo.” – Sophia de Mello Breyner
Andresen.

Esta série é totalmente inspirada na poesia “Procelária”, da poeta portuguesa que tão bem soube cantar o mar e o vento. Foi pensando nas aves procelárias, muita delas ameaçadas de extinção, durante uma longa expedição oceanográfica no Oceano Antártico em 2022. Junto às aves, sou uma pessoa que vive e canta no mau tempo, apesar de não saber voar.

obras disponíveis

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