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PARA UM LUGAR SUSPENSO

Uma tela de arame suspensa ocupa o espaço expositivo. Nela são capturados fragmentos de limalha. A teia que se forma ou mesmo os elementos ali pousados, não aparecem  para cumprir nenhuma vocação para o repouso absoluto. Há uma espécie de tensão percorrendo a zona ocupada  estabelecida pelo jogo que a matéria tece ao redor de si mesma.  Sua suspensão no ambiente e o fato de estar tão ao alcance do publico é inquietante sem, contudo, perder a leveza. Em sua infância em Itaocara, Icléa Eccard costumava observar a trajetória dos insetos enfileirados, muitos deles carregando suas presas. Admirava o rastro que deixavam pelo caminho. O som que alguns corpos voadores compunham no ar. Mais tarde, durante o oficio da escultura ela própria se surpreendeu ao constatar que depois de dobrar  imensas chapas de ferro eram estes seres que lhe pediam passagem. Na obra de Louise Bourgeois a aranha aparece como uma imagem mitológica, arquetípica, um símbolo da matre e da psique feminina. A teia de Icléa, no entanto, não está isolada. Conecta-se ao espaço e sua matéria com ele se articula. Vazios, acúmulos, dobras. Um conjunto de forças oriundo desta cena suspensa se configura diante do olhar como que obedecendo a lógica do instante em que foi criado/tecido. Instante em que este campo expandido toma a sala e nos captura. Apenas pelo olhar. Como já disse certa vez, Icléa ultrapassa o lugar fixo da escultura, mantendo fresco seu caráter criativo e experimental.

 

Vilmar Madruga

Abertura dia 07 de maio  às 19 horas

Encerramento 19 de junho

 

Galeria Reserva Cultural

Rua Visconde do Rio Branco, 880 – São Domingos, Niterói – RJ

Visitação todos os dias de 12 horas às 22 horas

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