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paralela EIXO 2023

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GIZELE LIMA

Rio de janeiro, Brasil.

participa da exposição presencial

mini bio

Gizele Lima (1980-) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Paraense, Enfermeira por formação, Bombeira Militar atuante, iniciou seus estudos em artes e fotografia de forma livre, em 2012, no Ateliê da Imagem Espaço Cultural, passando pela A CASA Foto Arte, frequentou vários grupos de estudos e mais recentemente (2022), foi integrante do Programa de Formação e Deformação da Escola Visual do Parque Lage, onde continua estudando atualmente.
Sua prática artística gira em torno do espaço interior e sua relação com o mundo exterior, na busca de se sentir pertencente. Entrelaçando memórias, experiências, angústias e questionamentos familiares, procura criar um novo lugar, onde produz narrativas na tentativa de gerar significados conscientes da vida. Por meio deste processo, a artista relaciona suas experiências individuais a uma história coletiva e transforma o envolvimento pessoal em um entendimento compartilhado.

Trabalha com fotografia, vídeo, colagem, instalação e recentemente, investiga o fio como linguagem, através da costura e bordado, em conexão com a ancestralidade, a casa e a mulher.
Participa desde 2020 de exposições coletivas, tendo alguns destaques como: Auto Focus. A Portrait of the self (2022), Loosenart – Roma – Itália, “Do meu lugar faço movimento” – Cavalariças do Parque Lage (2022), Mostra de Portifólios – Foto em Pauta (2023), Finalista no Critics1 Choice (2023) – Lensculture.

sobre

O que existe entre nós (2022-)

Esta é uma série de 10 imagens, ainda em andamento, que surgiu a partir da observação da relação com minha filha e o resgate de memórias de minhas relações familiares.

Através do mergulho em memórias de infância, me vi dominada por uma emoção cuja origem não pude identificar, memórias estas que despertaram em mim um medo de algo familiar, mas, ao mesmo tempo, totalmente desconhecido.

Momentos da minha vida que vieram à tona com o exercício do autorretrato, na busca de resgatar minha identidade, entender meu lugar no mundo, compreender o poder que o patriarcado exerce em minha família, os segredos, os medos que se acumularam, e tudo o que sou hoje, com a intenção de quebrar o ciclo de heranças emocionais repassadas como bagagens, de geração em geração entre mulheres da minha família.

Para esta pesquisa, decidi utilizar autorretratos e retratos de minha filha, além de imagens de elementos da natureza, no qual interpreto numa perspectiva subjetiva, criando relações com o meu passado e a perspectiva de futuro que minha filha pode enfrentar.

Para realizar este trabalho de reconstrução, utilizo a costura, o bordado e intervenção com tinta, rasgos e colagem.

O bordado e a costura estão intimamente ligados ao meu ambiente familiar, minhas avós bordavam, costuravam, faziam crochê e ensinaram suas filhas. Cresci em contato com os dois lados da família, presenciando momentos de silenciamentos, submissão e medo entre os homens e suas esposas. Avós, tias e mãe.

Neste trabalho quis abordar este fazer como uma forma de questionamento do comportamento patriarcal presente no passado de mulheres de minha família e como este pensamento é repassado em forma de herança emocional, muitas vezes de maneira inconsciente, de mãe para filha. Eu utilizo a função falsamente decorativa do bordado para dar um significado diferente do que se apresenta na mitologia familiar.

Ao furar, rasgar, colar, pintar e criar associações com elementos da natureza nas fotografias, busco criar relações conscientes entre meu passado, com a infância de minha filha e seu futuro, onde busco demolir o mito de mulher ideal, submissa e padronizada para deixar emergir uma imagem mais complexa, através de conflitos, dores e dramas que procuram identificar comportamentos de silenciamento e apagamento passado entre gerações pelas mulheres de minha família. É um trabalho lento de reconstrução de si e da passagem do tempo.

Sem título (2023-)

Em um mundo onde as vozes das mulheres muitas vezes foram silenciadas e suas histórias não foram contadas, a série fotográfica em questão busca lançar luz sobre o sutil, mas profundo silenciamento das mulheres ao longo da história. Ao explorar as consequências da supressão das perspectivas e experiências das mulheres, este corpo de trabalho visa desafiar as limitações impostas a elas, ao mesmo tempo em que oferece uma narrativa visual que reconstrói e reimagina sua presença.

Ao longo da história, as imagens das mulheres serviram como instrumentos de contenção e controle, perpetuando as expectativas da sociedade e sufocando sua autonomia. Frequentemente retratadas pelas lentes de outras pessoas, as mulheres foram reduzidas a objetos de observação, confinadas pelas percepções e julgamentos que lhes foram impostos. Essas imagens perpetuaram uma narrativa de que as mulheres deveriam ser vistas, mas não ouvidas, negando-lhes o protagonismo e relegando-as a papéis passivos na sociedade.

Em resposta a esse silenciamento generalizado, a série utiliza a arte do bordado – uma prática tradicionalmente feminina transmitida de geração em geração. Ao incorporar esta técnica, a artista pretende chamar a atenção para as formas pelas quais historicamente se espera que as mulheres se conformem às normas sociais, enfatizando o cultivo do silêncio e o desempenho do "bom" comportamento como forma de aumentar seu valor dentro da sociedade patriarcal. O bordado, com seus pontos intrincados e artesanato cuidadoso, torna-se um ato de recuperação do protagonismo e da auto-expressão.

Por meio de um processo de deslocamento e remontagem, as imagens das mulheres nesta série ganham nova vida e significado. A artista entrelaça habilmente fotografias pessoais de um acervo familiar com bordados, mesclando o passado e o presente, o esperado e o inesperado. Essa justaposição desafia a noção de uma única narrativa, revelando as disjunções entre o eu individual e as expectativas sociais, verdade e fabricação.

Ao entrelaçar fotografias pessoais e a arte tradicionalmente feminina do bordado, esta série recupera e amplifica as vozes das mulheres, questionando as narrativas que as silenciaram por muito tempo. Serve como um lembrete de que nas linhas cuidadosamente costuradas dessas imagens, uma sinfonia de histórias silenciadas emerge, exigindo ser ouvida e celebrada.

obras disponíveis

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